sábado, 2 de abril de 2011

RELATO "Percebo em Axl Rose uma entrega que ninguém tem"; leia relato de leitor sobre show de Axl em Porto Alegre

Texto: Daniel Dal Ponte Damin (DIREITOS RESERVADOS/REPRODUÇÃO PROIBIDA)


O leitor gaúcho Daniel Dal Ponte Damin é ligadaço no blog. Numa troca de e-mails recente (o e-mail do blog é noticiasdoguns@gmail.com), Daniel disse que o blog precisava fazer um relato do show do novo Guns n' Roses de Axl Rose em Porto Alegre.

O blog concordou na hora.

E pediu para o próprio Daniel -- que estava lá, na cara do gol, e viu tudo de perto -- fazer o relato pessoal do show.

Para a nossa sorte, Daniel topou a parada.

E mandou um relato que dá gosto de ler.

Veja como foi o show, nas palavras de Daniel Dal Ponte Damin.


Relato do leitor: Guns n' Roses, Porto Alegre, 16 de março de 2010

É difícil expressar em palavras a sensação de ver ao vivo um ícone da música mundial. Axl Rose é, sem sombra de dúvidas, o maior frontman de todos os tempos. Eu o classifico assim pois percebo nele, além do incrível talento para compor e cantar, uma energia, uma entrega no palco como jamais percebi em qualquer outro rock star.

E conheço bem Mick Jagger, Steven Tyler, Fred Mercury, etc. Axl Rose tem uma presença tão marcante, que faz até o público mais revoltado idolatrá-lo em segundos. Por maior que seja o palco, Axl faz com que pareça pequeno, sua voz gritada e rasgada carrega a intensidade de quem canta com o coração, com a alma.

No show de Porto Alegre, tive o privilégio de vê-lo ao vivo. Já havia assistido a muitos vídeos do Guns n' Roses, principalmente da época dos "Illusion". Acompanho também os trabalhos paralelos de cada cara, especialmente Axl, Slash e Duff. Infelizmente não pude ir aos shows anteriores do Guns no Brasil. Em 1991 eu tinha apenas dois anos! Em 1993, somente quatro. E, em 2001, tinha 11 anos.

Pude perceber nesse show que certas coisas não mudam nunca. Como, por exemplo, os atrasos do frontman do Guns n’ Roses. Qualquer fã do Guns n Roses que se preze sabe que Axl Rose sempre teve problemas com atrasos... desde a década de 90 até os shows desse ano.

Para resumir, esperamos cerca de seis horas para ouvir os primeiros acordes de "Chinese Democracy". A espera, obviamente foi bastante cansativa, enfrentamos horas de filas e entramos 21h30, hora em que o show deveria iniciar. Nessa hora, ao olhar para o palco em que o grande Axl Rose se apresentaria, tivemos a "grata" surpresa de ver que os roadies ainda estavam montando o palco, testando os telões, etc... No início tudo bem, esperamos rindo, conversando, tirado fotos. Todos aguardavam o início do show...

Quatro bandas tocariam naquela noite: Tequila Baby, Rosa Tattoada, Sebastian Bach e só depois o Guns. Mas alguns veículos de comunicação já haviam anunciado o cancelamento dos shows do Tequila Baby e do Rosa Tattooada. No final, o Rosa Tattooada acabou tocando, mas o show só começou depois das 23h40 e teve apenas três músicas. Pior: o guitarrista Martin Andrade já havia deixado o local quando o Rosa foi novamente autorizado a fazer seu show, o que resultou numa formação reduzida.

De maneira muito digna, a banda desculpou-se pelo atraso e justificou-se perante o público. No entanto, a decisão de tocar acabou não sendo a mais acertada, visto que a banda foi exposta a condições técnicas bem abaixo das mínimas aceitáveis. Não era possível ouvir nada com clareza. A bateria, muito baixa, por vezes oscilava, abafando a boa performance do baterista Barea. O vocal também era baixo demais, impossibilitando a compreensão do que o vocalista Jaques cantava. Valeu a homenagem bastante aplaudida com a bandeira do Rio Grande do Sul. Mas ficou a sensação constrangedora de descaso e desrespeito com o Rosa.

Quando o Sebá subiu ao palco, esquecemos por instantes o atraso, foi um show excelente, o cara manda muito bem... Quanto ao Guns n' Roses, o que mais me revoltou foi saber que Axl Rose poderia ainda estar em São Paulo, e que sairia de lá somente a 00h20.

Eu esperaria por longas horas ainda, já que a vida é momento e não sei quando eu teria a chance de ver Axl Rose novamente! Se eu fosse dos EUA, e os shows do Guns por lá fossem constantes, certamente teria ido embora para casa. Considero um desrespeito, pois foi um show em uma terça-feira, e a maioria dos presentes teria de trabalhar no dia seguinte, mas gostar de Guns n' Roses tem um preço: tolerar atrasos!

Apesar de tudo isso, toda a insatisfação e irritação transformaram-se em êxtase quando o show começou! Axl Rose realmente sabe conduzir, e bem, um show de rock n' roll. Ele controla multidões com facilidade, seu carisma é enorme e, além disso, toda a carga emocional de uma platéia -- que em sua maioria não havia tido a oportunidade de vê-lo ao vivo -- contribuiu para o perdão imediato!

Após a abertura com "Chinese Democracy", canção que dá nome ao último álbum da banda, veio a primeira pedrada: "WELCOME TO THE JUNGLE". Ambas são boas músicas, mas entre "Chinese" e "Welcome", não tenho duvida em dizer que a segunda deixa a primeira no chinelo.

VÍDEO Axl Rose e seu Guns n' Roses - "Chinese Democracy"
Ao vivo em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, 16 de março de 2010




VÍDEO Axl Rose e seu Guns n' Roses - "Welcome to the Jungle"
Ao vivo em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, 16 de março de 2010




O público mais antigo (e que não conhecia a primeira música) transformou o estacionamento da Fiergs em um verdadeiro templo do rock. "It's so Easy" e "Mr. Brownstone" foram executadas na seqüência, empolgando ainda mais os 20 mil fãs.


VÍDEO Axl Rose e seu Guns n' Roses - "Mr. Brownstone"
Ao vivo em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, 16 de março de 2010




A voz de Axl Rose estava excelente, para dizer o mínimo. Mr. Rose alcançou os agudos com a rouquidão que nos transformou em seus fãs... Acredito que o cancelamento do show no Rio de Janeiro nos beneficiou em Porto Alegre, visto que as cordas vocais de Axl descansaram por 2 dias a mais do que o previsto. Quanto ao som, estava perfeito, tudo reguladíssimo, a voz muito clara.

Vejo claras diferenças entre a formação atual e a formação clássica do Guns, especialmente nas musicas mais "hard". Sinto que Axl Rose tem a mente muito aberta ao uso de efeitos novos, algumas canções novas me lembram algo industrial, meio sujo... agressivo demais às vezes. A banda nova é boa sim, toca bem, considero que mantem 90% de fidelidade nas canções, tanto nas antigas quanto nas novas.

DEIXO CLARO AQUI QUE NÃO VEJO SUBSTITUTOS PARA A FORMAÇÃO CLÁSSICA, todos são incomparáveis.

Não posso comentar canção por canção, mas destaco algumas delas:

"SWEET CHILD O' MINE" – Axl Rose parecia ter voltado à década de 80. A performance foi incrível. Axl cantou essa e TODAS as músicas com vontade, realmente ele estava a fim de fazer o show. Como comentei anteriormente, a voz estava excelente.


VÍDEO Axl Rose e seu Guns n' Roses - "Sweet Child o' Mine"
Ao vivo em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, 16 de março de 2010




"KNOCKIN' ON HEAVENS DOOR" – A nova versão da música mostra bem o novo momento de Axl. Hoje ele é um cara mais sensível do que sempre foi, musicalmente falando. Percebe-se que a música ficou muito boa, mesmo fugindo muito da versão normal sempre tocada pelo Guns. Tranquilidade é o que eu sinto após ouvir essa canção!

"NOVEMBER RAIN" – Ver e ouvir essa canção ao vivo é algo inexplicável, muitas lágrimas correram de fãs durante ela. Acho que Axl tem algum apego a mais com essa canção, especialmente por estar em uma posição que seu ídolo Elton Jhon costuma estar, sentado ao piano. Não chorei, pelo contrario, sorri o tempo todo de felicidade, foi um dos grandes momentos de minha vida!

VÍDEO Axl Rose e seu Guns n' Roses - "Sweet Child o' Mine"
Ao vivo em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, 16 de março de 2010




"PATIENCE" – Espetacular, especialmente pelo final, onde Axl relembra o show de Tóquio, em 1992, e segura por longos segundos o "this time".

"ROQUET QUEEN" – Essa Axl cantou com voz idêntica à das apresentações ao vivo da década de 90. Eu estava muito apreensivo antes do show, queria saber se a voz dele estava boa ou não! O fato é que Axl conseguiu recuperar sua voz rouca e rasgada. Não sei como fez para recuperá-la, não sei que o que fez a voz dele voltar, mas se pudesse agradeceria pessoalmente.

"LIVE IN LET DIE" – Cheia de efeitos, comprovou (de novo) o que muitos duvidavam. AXL ROSE ESTA EM ÓTIMA FORMA VOCAL. Está em sua melhor forma desde que acabou a tour dos "Illusion".


VÍDEO Axl Rose e seu Guns n' Roses - "Live and Let Die"
Ao vivo em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, 16 de março de 2010



"STREET OF DREAMS" – Belíssima canção e performance com muito feeling de Axl. Me pergunto porque será que Axl nao fez clipes de nenhuma musica de "Chinese Democracy"? Porque quase nada desse disco toca no rádio? Acho que nada foi ainda lançado pois o foco da banda é tocar ao vivo, fazer turnês. Fico indignado ao não ouvir essas musicas na rádio, acho "Street of Dreams" uma grande canção, realmente muito boa. "November Rain" e "Patience" são incomparáveis, mas Street chega perto delas.


VÍDEO Axl Rose e seu Guns n' Roses - "Street of Dreams"
Ao vivo em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, 16 de março de 2010





"PARADISE CITY" – A música que encerrou o show fez a multidão pular como se tudo estivesse apenas começando. O show acabou quase cinco horas da manhã! NINGUÉM foi embora antes do final...

VÍDEO Axl Rose e seu Guns n' Roses - "Paradise City"
Ao vivo em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, 16 de março de 2010




Não posso deixar de comentar sobre a simpatia de Axl, que foi tão grande a ponto de faze-lo chamar uma fã ao palco e cantar “Happy Birthday to you” pra ela. Isso acabou deixando o atraso em segundo plano.


VÍDEO Axl Rose e seu Guns n' Roses - Axl canta "Happy Birthday" para fã
Ao vivo em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, 16 de março de 2010




Enfim, posso dizer que sou um privilegiado em ver Axl Rose ao vivo, mesmo sem os incríveis Slash, Duff, Izzy e Steven Adler. Axl tem a voz que ninguém tem, tem o feeling que ninguém tem.

A banda nova é boa, toca muito bem, mas entre todos os músicos, vejo apenas em DJ ASBHA algo diferente, aquele feeling para ser um rock star. Ah, esqueci de Dizzy, grande Dizzy. Esse é o cara dos teclados, insubstituível.

A esperança não pode sair de nossos corações, um dia o GUNS N' ROSES VOLTARÁ COM A FORMAÇÃO CLÁSSICA e virá ao BRASIL. Estarei lá nesse dia, e depois escreverei a vocês!

PS: Quando cheguei em minha cidade, Caxias do Sul, fui trabalhar direto, cheguei de bandana e tudo, hehe.

Por Daniel Dal Ponte Damin, 21 anos, Caxias do Sul/RS


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Encontre: Guns n' Roses; Slash; Duff Mckagan; Appetite For Destruction; Axl Rose










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